Garantir a segurança digital das crianças é um dos maiores desafios da era conectada. Afinal, com tablets, smartphones e computadores se tornando verdadeiras extensões naturais do dia a dia, a exposição precoce ao mundo online é inevitável.
Infelizmente, junto com as oportunidades que a internet oferece, surgem riscos que precisam ser enfrentados. Então, como podemos proteger os mais jovens enquanto os preparamos para um uso responsável da tecnologia?
Pensando nisso, eu reuni algumas estratégias práticas, ferramentas úteis e conceitos simples, testados e aprovados, que podem ser incorporados na rotina das famílias.
O objetivo desse conteúdo é ajudar você, que tem um filho ainda pequeno, a transformar a cibersegurança em um hábito que beneficia toda a sua família. Continue lendo!
O conceito de segurança digital deve ser introduzido desde cedo
A infância é o momento ideal para introduzir hábitos que serão levados para a vida toda, incluindo tudo aquilo que tange o mundo digital.
Especialistas afirmam que até certa idade, geralmente até o fim da primeira infância, o ideal é manter as crianças mais distantes da conexão com a internet, para sua própria segurança.
Contudo, a partir de algum momento entre seis e oito anos de idade, quando uma maior consciência sobre a realidade é alcançada, os pequenos precisam começar a ser instruídos sobre a vida virtual.
Dados da SaferNet Brasil, uma entidade sem fins lucrativos que atua em assuntos como segurança digital e comportamento online, apontam que 86% das crianças e adolescentes no país utilizam a internet regularmente.
Como podemos ver, esse número reflete uma realidade visível, e, em paralelo, a importância de ensinar boas práticas virtuais aos mais jovens desde cedo.
Afinal, crianças não instruídas corretamente ficam expostas a riscos que vão desde golpes online e cyberbullying até acesso a conteúdos impróprios.
Por isso, é essencial que os pequenos compreendam, de forma simples, como navegar com segurança. A boa notícia é que, com o suporte certo, esses ensinamentos podem ser leves e até divertidos.

Dicas para ensinar boas práticas de cibersegurança a crianças
Na hora de falar sobre segurança digital, o segredo está na comunicação aberta e na repetição. Nos subtópicos a seguir, listei algumas práticas que podem ser aplicadas:
Converse sobre privacidade
Explique ao(s) seu(s) filho(s) que informações como endereço, escola ou telefone não devem ser compartilhadas com desconhecidos. Nesse sentido, use analogias como “não falar com estranhos na rua” para tornar o conceito mais claro.
Incentive o uso de senhas fortes
Jamais deixe a sua criança criar senhas por si própria. Em vez disso, crie você mesmo as senhas usando combinações de números, letras e símbolos.
Ferramentas de gerenciamento de senhas, como o LastPass, por exemplo, podem ser úteis até para os pais. Experimente!
Oriente sobre a autenticidade de informações
Mostre à criança como verificar se um site é confiável ou se uma mensagem é um possível golpe.
Use exemplos que o pequeno consiga compreender e, principalmente, o instrua a nunca clicar em links suspeitos. Isso é crucial em tempos de fake news e phishing.
Alerte sobre imagens e vídeos impróprios
Não permita que o seu filho acesse conteúdo audiovisual impróprio na internet. Na contramão disso, alerte-o sobre o que pode e o que não pode ser visto.
Inclusive, uma boa ideia é deixar claro o que pode ser visto. Ou seja, fotos, imagens e vídeos impróprios estarão automaticamente proibidos.
Porém, não deixe isso nas mãos da criança. Periodicamente inspecione, por meio de ferramentas de controle parental, o que ele(a) está vendo na internet.

Ferramentas de controle parental podem ajudar
Também existem muitas ferramentas tecnológicas que podem ser grandes aliadas na proteção das crianças. As ferramentas de controle parental, que citei acima, estão aí para comprovar isso, cada uma com suas funcionalidades específicas.
Aqui estão algumas opções confiáveis:
- Google Family Link: permite monitorar o tempo de uso de dispositivos, definir limites e até aprovar downloads de aplicativos. Essa ferramenta está disponível para Android e iOS;
- Qustodio: também disponível para Android e iOS, oferece relatórios detalhados de uso e bloqueio de conteúdo inadequado;
- Bark: aplicativo (Android – iOS) focado na detecção de mensagens suspeitas em redes sociais, é ideal para adolescentes.
Essas ferramentas não substituem o diálogo, mas oferecem uma camada extra de proteção.
Além disso, elas permitem que nós, adultos, fiquemos mais tranquilos enquanto os pequenos exploram o universo digital.
Lidando com cyberbullying e conteúdos inadequados
Infelizmente, o cyberbullying é um problema que cresce a cada dia. Segundo o Instituto Ipsos, 37% dos pais afirmam que seus filhos já sofreram bullying online.
Apesar de triste e alarmante, esse dado serve para reforçar a necessidade de monitorar e orientar os menores. Por isso, você deve:
- Tentar identificando sinais como mudanças de humor, isolamento ou resistência em usar dispositivos, que podem ser indicadores de ciberbullying;
- Caso identifique esses sinais, encoraje a criança a falar e denuncie o conteúdo. Plataformas como Facebook e Instagram têm canais específicos para isso.
Já no caso de conteúdos inadequados, configurar bloqueios e limitar o tempo de tela pode minimizar a exposição.
No entanto, ensinar as crianças a reconhecerem o que é prejudicial e a buscarem ajuda deve ser um esforço contínuo, jamais negligenciado.
É uma questão de hábito
A segurança digital para crianças não é um luxo, mas uma necessidade. Você, pai e/ou mãe, com certeza concorda com essa afirmação por diversos motivos.
Então, que tal começar agora? Estabeleça uma rotina digital em família: revejam juntos as configurações de segurança dos dispositivos, compartilhem experiências online e discutam os aprendizados.
Dessa forma, torna-se possível transformar a cibersegurança em um tema coletivo que promove não só proteção, mas também confiança e autonomia para as crianças.